3 de setembro de 2010

Uma história de amor - Homenagem ao Centenário

O menino de 6 anos chegou em casa e perguntou:

- Pai, para que time eu torço?

O pai imediatamente detectou o problema. Não ligava muito para futebol, nunca tinha conversado com o filho sobre o assunto. Percebeu que o menino tinha chegado a uma idade em que é obrigatório ser torcedor. Decidiu que se esforçaria para reparar o erro.

Prometeu ao filho que o levaria a jogos de todos os clubes grandes de São Paulo, para que o garoto tivesse todas as oportunidades para escolher seu time do coração. Fez a devida lição de casa. Aprendeu os fatos, os nomes, os momentos e lugares importantes na História de cada clube.

A primeira visita foi ao Morumbi, numa tarde de jogo do São Paulo. Chegaram cedo, passaram no Memorial, viram os troféus da Copa Libertadores, da Copa Intercontinental.

- Filho, o São Paulo é o mais bem sucedido clube brasileiro no cenário internacional. Ganhou a Libertadores 3 vezes, foi a Tóquio duas vezes para conquistar a Copa Intercontinental, também tem um Mundial de Clubes da Fifa. Além disso, foi o primeiro clube da cidade a ter o seu Centro de Treinamento. E claro, é o dono desse estádio, o Morumbi, o maior de São Paulo.

O jogo foi ótimo, o São Paulo venceu, o menino ficou impressionado com o tamanho do Morumbi.

- E aí, quer comprar uma camisa? – perguntou o pai.

- Ainda faltam três times, né? Prefiro esperar.

A segunda visita foi ao Palestra Itália. Passearam pela sede do clube. Viram os bustos de Ademir da Guia, de Junqueira, de Waldemar Fiúme. Também conheceram a sala de troféus.

Sentaram-se nas numeradas do estádio do Palmeiras.

- Filho, esse time é diferente dos outros, por causa da conexão com a origem dos torcedores. O Palmeiras tem uma ligação sanguínea com a Itália, se chamava Palestra Itália. Claro, ninguém precisa ser italiano para torcer pelo Palmeiras, mas é bonito ver essa relação familiar com o time. Os palmeirenses são apaixonados por essa camisa. Grandes craques passaram por aqui ao longo dos tempos. Tanto que o time tem o apelido de “Academia”. – contou o pai.

O Palmeiras ganhou, o menino vibrou. Gostou do ambiente no Palestra, da proximidade do gramado.

- Vamos comprar a camisa? – o pai perguntou.

- Mas ainda faltam dois times…

Próxima parada, Vila Belmiro. No carro, indo para Santos, o pai começou a falar sobre as glórias do time.
- Meu filho, esse time que você vai conhecer hoje é um patrimônio do futebol. É o time em que jogou o Pelé, o maior jogador da História. Teve o melhor time de todos os tempos, no começo da década de 60, quando não havia adversário neste planeta que pudesse vencê-lo. Você vai ver a quantidade de taças que eles têm.

Visitaram o Memorial das Conquistas e sua impressionante coleção de troféus. As fotos do timaço que conqusitou o mundo duas vezes, do Rei Pelé e de tantos e tantos jogadores lendários.

O Santos ganhou o jogo, o menino ficou empolgado. Na Vila, dá para ficar ainda mais perto do campo.

Na saída, a mesma pergunta.

- Vamos comprar a camisa?

- Calma pai, ainda tem um jogo para a gente ir, não tem?

E foram ao Pacaembu, num domingo à tarde. Não conseguiram sair cedo de casa, estavam um pouco atrasados. O pai foi falando sobre o Corinthians no carro.

- Filho, estamos indo ao Pacaembu, mas o Pacaembu não é o estádio do Corinthians. É da prefeitura, porque o Corinthians não possui um estádio próprio. Mas a torcida se sente muito bem lá. Outra coisa: o Corinthians é o único time de São Paulo que ainda não ganhou a Copa Libertadores. Mas tem um detalhe interessante: é a maior torcida de São Paulo, e a segunda maior do Brasil. É uma torcida tão apaixonada que é chamada de “Fiel”.

Por causa do atraso, pai e filho entraram no Pacaembu pelo portão principal, quase na hora em que o Corinthians subiu ao gramado. Sentaram-se nas numeradas, e logo tiveram de se levantar, porque o time foi para o campo.

De repente, o pai percebeu algo assustador. Seu filho estava chorando.

- O que aconteceu, meu filho?

- Não sei, pai.

- Por que você está chorando?

- Não sei…

- Quer ir embora?

- Não, quero ficar.

O jogo estava para começar quando o menino pegou o braço do pai.

- Pai, quero uma camisa.

- Como assim?

- Escolhi, pai.

- Mas o jogo ainda nem começou…

- Não importa.



(Texto de André Kfouri | Lance!Net)

Um comentário:

Fique à vontade para comentar este artigo, valeu!